sábado, 20 de junho de 2009

Archport, Fernanda Frazão, 18 de Junho de 2009.

Notícia com data de hoje.

http://news.nationalgeographic.com/news/2009/06/090615-stonehenge-tombs-crop-circles.html

6000 Year Old Tomb Complex Discovered



Ora, aqui temos um exemplo sobre o qual devemos reflectir, acerca da utilização de dispositivos remotos de prospecção arqueológica, com resultados surpreendentes, afinal a antecâmara de uma nova era em que a oportunidade das intervenções intrusivas e de aleatória exploração terão que ser reequacionadas.
Andar atrás das máquinas em contexto de estudo de impacto arqueológico e, depois, atrás das quadrículas e do desenvolvimento da sua abertura, poderá muito em breve ser uma intervenção anacrónica. Já o era há muito.
Um voo bem preparado de prospecção pode ficar muito mais barato e ser mais eficaz do que um dia de trabalho de uma equipa de arqueólogos no campo. Com a vantagem de fornecer dados fiáveis que evitem a intervenção intrusiva, quer arqueológica, quer de outra espécie.
A prospecção remota não se reduz a detectores de metais, com há muito era óbvio.
Como reformular o tecido disciplinar e profissional da arqueologia formulando estes tópicos? Qual o futuro dos profissionais arqueólogos e das dezenas ou centenas de empresas de arqueologia? Pensar, caros amigos, pensar…
E agora? Quando inesperadamente, fazendo eco de muitas críticas políticas em que a arqueologia embarcou, um grupo de economistas cuja coesão ainda é insondável, uma espécie de praça da concórdia de António Ferro, questiona a oportunidade do investimento nas grandes obras públicas, TGV e Aeroporto de Alcochete?
Insisto na oportunidade cada vez mais urgente de um Plano Nacional de Trabalhos Arqueológicos, que não seja ditado e coordenado pela agenda das obras públicas e privadas. Essas, pelos vistos, têm à disposição meios de monitorização remota de eficácia inquestionável. A um arqueólogo profissional vai em breve ser exigido o brevet de piloto aeronáutico. Ou outras qualificações.
Vale a pena pensar…

Manuel de Castro Nunes

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Ainda na crista da onda. Assim ningém consegue pensar. Vamos ao trabalho!

Mensagem publicada em archport.
Ora perdeoem-me então os archportianos, o non sense, passe o estrangeirismo, parte dos orgãos de comunicação social ou tornou-se já numa patologia infecto-contagiosa?
Bem, uma via romana cujo traçado passa a pouco mais de uma centena de metros do que era, há dez anos, o aerodromo de Évora é um tópico recalcitrante da historiografia regional há quase um século, a bem dizer há quase meio milénio, André de Resende. Trata-se da designada Estrada dos Diabos, Mário Saa, As Grandes Vias (...), etcetera e tal. Para quem o quiser posso cartografá-la.
O que não sabíamos ainda era que os romanos já por aqui andavam no Século IX/VIII AC, II Período da Idade do Ferro. Que estabeleciam as suas necrópoles junto das vias, que já lá estavam quando os autóctones estabeleceram as suas, apropriando-se de uma novidade romana.
Bem, que isto não tem qualquer sentido já todos perceberam.
Todavia, para esclarecer outros episódios, seria conveniente saber se o paradoxo é da responsabilidade do arqueólogo nomeado, ou se do jornalista. A mim, quer-me parecer que a APA devia propor um curso de reciclagem disponível para os jornalistas que intervêm sobre esta matéria. Resguardava-se a reputação dos arqueólogos.
E continuo a recalcitrar na minha sugestão, a arqueologia tem que se reapropriar dos instrumentos de sociabilização da cultura arqueológica. É uma tarefa de cidadania. Caso contrário, aonde iremos parar?
Referente a notícia do Público, 05.06.09, amplamente comentada em archport.
Aproveito para citar e o recordar, António Carlos Valera, Praxis Archaeologica 3, 2008.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Conversas de arqueólogos 2

Conversas de arqueólogos 2
Ainda na crista da onda recenseando tópicos
O forum archport, a mais consagrada expressão cibernáutica de divulgação de assuntos relacionados com a arqueologia, fez, através da sua administração, no espaço de menos de dois meses, dois apelos para que os seus intervenientes se situassem no nível elevado de divulgação de eventos e novidades no âmbito da investigação ou da sua divulgação no domínio estrito da disciplina.
Entretanto, decorriam alguns interessantes debates sobre questões que têm que ver com a inserção da actividade da arqueologia na comunidade, com a legislação que enquadra a actividade arqueológica, com a salvaguarda e valorização do património, a relação entre a arqueologia e a museologia.
A própria administração promoveu algumas dessas intervenções.
Mas, atenção, questões e debates pessoais, não. Não se compreende todavia quais são as questões e os debates que se consideram pessoais e de que critérios se usa para bloquear uma intervenção, porque é já uma incursão pessoal sobre uma matéria.
Bem, não percebe quem não quer.
Alexandre Monteiro reproduziu uma notícia do jornal O Público onde se manifestam preocupações sobre o futuro do Campo Arqueológico de Mértola, confrontado com a sucessiva dissociação, ou mesmo má vontade da Câmara Municipal de Mértola e do seu Presidente.
Responde o Professor Victor Gonçalves, com uma discreta chapelada a Cláudio Torres, mas questionando a referência a que Cláudio Torres tenha trocado a FLUL pelo Campo Arqueológico de Mértola.
É óbvio que não trocou e a invocação dos episódios concretos que determinaram o abandono da FLUL e a diligência e empenho com que tornou o CAM numa unidade de investigação, trabalho e de extensão da cultura arqueológica, histórica e artística e coloca o CAM, porventura, na vanguarda de uma intervenção estruturada que nenhuma universidade, por várias razões, poderá empreender, redundará no rastreio de complexas questões pessoais.
Seja, Cláudio Torres não abandonou a FLUL, a FLUL abandonou Cláudio Torres e perdeu um agente cultural com potencialidades de que não suspeitou, ou não soube reconhecer. Embora o Professor Borges Coelho tivesse sempre feito o possível para que se mantivesse uma certa simpatia por Cláudio Torres.
E ao fim e ao cabo, os problemas do CAM reproduzem a sucessiva liquidação do PNTA, porque se apoia agora mais a investigação empresarial, em que todos os arqueólogos quiseram inserir o seu PPTA (Plano Pessoal de Trabalhos Arqueológicos). Será que o Professor Victor Gonçalves se terá tornado no mais dilecto dos meus leitores? Parece-me que tenho sido eu quem, como arqueómano, tem levantado essa questão.
Devo confessar que só depois de ler as respostas de Rui Pinto pude proceder à releitura do comentário e correcção de Victor Gonçalves e atingir o seu derradeiro sentido.
Questões pessoais?
Talvez. Mas vão-nos dar pretexto para levantar muita matéria.
Archport Mailing List, 31 de Maio e 1 de Junho do corrente.