terça-feira, 23 de março de 2010

De novo o Museu Nacional de Arqueologia

O circo das argumentações para suportar incoerências


Coimbra, Évora, Braga, Porto, enfim, será que Paio Pires não encontrará também um argumento para sediar o Museu Nacional de Arqueologia? Ou o Funchal?
Quando o draconiano prazo e topográfico destino estão estabelecidos, qualquer imaginária solução alternativa me parece não pretender mais do que justificar o desalojamento. Só agora os regionalistas despertaram para o apetite?
E, na ausência de política coerente de administração da Rede Nacional de Museus, todos têm o direito por pugnar por melhores e mais qualificados equipamentos museológicos. Seja, os museus estão em agonia. Que tem isso que ver com a questão do desalojamento do MNA? Eu não encontro associação alguma.
Como é óbvio, a actual sede do MNA não é com certeza, do meu ponto de vista, o espaço operacionalmente mais adequado. Necessitaria, obviamente, de se estender progressivamente para outros espaços habilitados ao cumprimento do seu papel como equipamento museológico. Esta questão é muito antiga, nem necessitamos de perder tempo a detalhá-la.
Para tal, todavia, a sua sede visível, que é quase o cartão da sua identidade, não devia ser alienada. Porque é ali que o imaginário da comunidade o identifica e o representa, mesmo para o exterior. É, como o já disse antes, património imaterial, mau grado a sua incontornável materialidade.
Não existem, do meu ponto de vista, razões operacionais que justifiquem o desalojamento. As questões operacionais teriam sempre solução.
A única razão parece ser, objectivamente, um negócio por detrás da porta, uma vez que para a maioria dos portugueses os contornos nem são óbvios.
Mas a questão do MNA afigura-se-me como uma metáfora. A Segunda Pele. Seja, estamos a confrontar-nos com um Estado que parece ter a intenção de fundar uma Nação nova. Para se representar na sua pujança de imaginária revolução, necessita de edificar as suas novas insígnias e rasurar as velhas. Quem não compreender este fenómeno, vai continuar a esgrimir argumentos de circunstância sugeridos pela aflição.
Será que veremos a residência do Primeiro Ministro desalojada de São Bento para um condomínio fechado na Quinta da Marinha? A sede da Presidência da República para a Torre Vasco da Gama? O Ministério da Cultura desalojado do decrépito Palácio da Ajuda para um edifício de raiz a construir no âmbito da re-urbanização do Funchal?
Todos os paradoxos seriam imagináveis.
Porque do que se trata é de vestir a Nação com fato novo para lhe desmantelar a identidade. A Segunda Pele.
É novo? Não. Já acontecera com Duarte Pacheco, quando se reclamava a milenaridade da Nação para lhe subverter a identidade.
Repetiu-se em alguns sussurros, depois.
Agora, está à vista a derrocada. È da mesma sede que dimana a atenuação do peso da disciplina de História dos currículos da escolaridade básica.
Também… da forma como ela era já transmitida…