João Paulo Pereira, sobre Novas práticas de salvaguarda do património arqueológico.
Não querendo subestimar a utilidade de tal tecnologia, que permite uma observação do terreno sem intrusões, gostaria de reflectir sobre o contexto em que se deveria ou poderia utilizá-la.
Muito antes de se chegar ao momento de olhar para as máquinas de construção de um projecto actual, seja estrada ou um polígono fabril, para ver se aparece ou não qualquer coisa a que se possa chamar de vestígio arqueológico, poderemos reconstruir um percurso metodológico, que para alguns de nós, pode não der novidade nenhuma. Também não tenho a intenção nenhuma de mostrar qualquer novidade.
Quando nasce uma ideia de projecto actual, salta logo a pergunta ao projectista ou ao idealista: Que projecto quero eu fazer? Onde vou fazer este projecto? Que problemas posso eu encontrar para o fazer?
A interacção entre um projecto e o local da sua realização começa desde cedo.
O levantamento daquilo que existe no local do projecto a realizar é uma das tarefas mais árduas e longas para a gestão desse mesmo projecto, exigindo um esforço financeiro e de recursos humanos bastante forte. Entre as várias equipas, as de arqueologia e ou as de património cultural são as que mais sobressaem ao que me traz aqui.
Depois de definir, em geral, mais do que um local de estudo para um projecto actual, as equipas terão um ponto de partida para realizar:
• Levantamento bibliográfico,
• Levantamento cartográfico (topografia, toponímias, simbologia cartográfica, etc.)
• Levantamento nas bases de dados existentes,
• Levantamento de campo, vulgo prospecção arqueológica terrestre e em alguns casos, subaquática.
É neste último ponto, que a prospecção remota pode, e pelos vistos, deve, entrar como um dos meios para aumentar a eficácia dos levantamentos arqueológicos. Dependendo dos custos operacionais, que ignoro completamente, terão de ser escolhidas estratégias adequadas para aproveitar ao máximo esta mesma tecnologia. Estas estratégias poderão passar pela selecção de pontos e ou transeptos dentro da área do projecto.
No entanto, é de salientar a importância de a equipa de arqueologia se relacionar com as restantes equipas de projecto, de modo a que seja possível uma adequação eficaz entre a forma (geométrica) e localização do projecto e a realidade dos vestígios arqueológicos conhecidos e os que vão sendo conhecidos ao longo das várias etapas dos vários levantamentos arqueológicos.
O ideal será a criação de um projecto actual que não interfira com vestígios arqueológicos.
Definida a forma e a localização do projecto e logo antes do início desse mesmo projecto, podem iniciar-se diversos trabalhos arqueológicos de acompanhamento e ou mesmo de prevenção do risco de afectação dos valores patrimoniais.
Reconhecidos alguns dos pontos críticos do projecto actual poderão ser usadas várias técnicas de observação do solo a afectar por esse mesmo projecto. Mais uma vez, entre a prospecção terrestre (simples, a pé) e subaquática (se for caso disso), sondagens arqueológicas clássicas, também a detecção remota poderá ter um papel a desempenhar na referida prevenção, agora e naturalmente mais tardia, de vestígios arqueológicos.
É claro que existe um certo grau de imprevisibilidade quanto ao desenrolar dos trabalhos arqueológicos relacionados com um projecto actual desde o seu início. É aqui (e noutros aspectos que agora não interessa desenvolver) que o PNTA terá de ter características diferenciadas do PNTA de investigação clássica e também nos termos actuais em que se solicita autorização para trabalhos arqueológicos no âmbito das acções de prevenção (o grupo C do formulário do IGESPAR).
João Paulo Pereira
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