Conversas de arqueólogos 2
Ainda na crista da onda recenseando tópicos
O forum archport, a mais consagrada expressão cibernáutica de divulgação de assuntos relacionados com a arqueologia, fez, através da sua administração, no espaço de menos de dois meses, dois apelos para que os seus intervenientes se situassem no nível elevado de divulgação de eventos e novidades no âmbito da investigação ou da sua divulgação no domínio estrito da disciplina.
Entretanto, decorriam alguns interessantes debates sobre questões que têm que ver com a inserção da actividade da arqueologia na comunidade, com a legislação que enquadra a actividade arqueológica, com a salvaguarda e valorização do património, a relação entre a arqueologia e a museologia.
A própria administração promoveu algumas dessas intervenções.
Mas, atenção, questões e debates pessoais, não. Não se compreende todavia quais são as questões e os debates que se consideram pessoais e de que critérios se usa para bloquear uma intervenção, porque é já uma incursão pessoal sobre uma matéria.
Bem, não percebe quem não quer.
Alexandre Monteiro reproduziu uma notícia do jornal O Público onde se manifestam preocupações sobre o futuro do Campo Arqueológico de Mértola, confrontado com a sucessiva dissociação, ou mesmo má vontade da Câmara Municipal de Mértola e do seu Presidente.
Responde o Professor Victor Gonçalves, com uma discreta chapelada a Cláudio Torres, mas questionando a referência a que Cláudio Torres tenha trocado a FLUL pelo Campo Arqueológico de Mértola.
É óbvio que não trocou e a invocação dos episódios concretos que determinaram o abandono da FLUL e a diligência e empenho com que tornou o CAM numa unidade de investigação, trabalho e de extensão da cultura arqueológica, histórica e artística e coloca o CAM, porventura, na vanguarda de uma intervenção estruturada que nenhuma universidade, por várias razões, poderá empreender, redundará no rastreio de complexas questões pessoais.
Seja, Cláudio Torres não abandonou a FLUL, a FLUL abandonou Cláudio Torres e perdeu um agente cultural com potencialidades de que não suspeitou, ou não soube reconhecer. Embora o Professor Borges Coelho tivesse sempre feito o possível para que se mantivesse uma certa simpatia por Cláudio Torres.
E ao fim e ao cabo, os problemas do CAM reproduzem a sucessiva liquidação do PNTA, porque se apoia agora mais a investigação empresarial, em que todos os arqueólogos quiseram inserir o seu PPTA (Plano Pessoal de Trabalhos Arqueológicos). Será que o Professor Victor Gonçalves se terá tornado no mais dilecto dos meus leitores? Parece-me que tenho sido eu quem, como arqueómano, tem levantado essa questão.
Devo confessar que só depois de ler as respostas de Rui Pinto pude proceder à releitura do comentário e correcção de Victor Gonçalves e atingir o seu derradeiro sentido.
Questões pessoais?
Talvez. Mas vão-nos dar pretexto para levantar muita matéria.
Archport Mailing List, 31 de Maio e 1 de Junho do corrente.
Sem comentários:
Enviar um comentário